sábado, 25 de maio de 2013

Toda grande marca hoje em dia quer ter uma história para contar. Quer que o consumidor faça parte da sua cultura, vista a camisa e incorpore aquela imagem ao seu estilo. Bom, tecnicamente nem sempre é tão fácil. Algumas empresas vêm tentando essa estratégia, algumas melhor sucedidas que outras, mas a pergunta que fica é: até onde vale a pena ir para se contar uma história?
Um bom exemplo disso é o caso da Nokia em sua campanha de lançamento do celular Nokia 808 Pure View. Contextualizando, a empresa publicou um viral em vídeo intitulado “Perdi meu amor na balada”, onde um rapaz aparecia dizendo que havia se apaixonado por uma menina em uma balada mas que havia perdido seu contato. Ele fazia uma breve descrição da moça e pedia para que as pessoas o ajudassem. Podem adivinhar o resultado.



Centenas de pessoas comoveram-se com o depoimento apaixonado do rapaz. Muitos se engajaram numa epopéia digna de Shakespeare, compartilhando nas redes sociais, listas de emails e até retratos falados. Tudo isso porque em momento algum a peça mostrava ser um produto publicitário. Apesar da desconfiança por parte de alguns, muitos acreditaram de verdade e embarcaram na idéia.

Mas qual não foi a surpresa quando a “farsa” foi revelada. O sentimento de enganação por parte da marca foi sentido de maneira forte pelo público. O que antes eram manifestações solidárias em busca do amor perdido, transformou-se em ondas de protestos e ofensas. O caso tomou proporções tais que o Procon interviu com um processo. Na época, o diretor-executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Goes, classificou a questão como “falta de ética” segundo site do Jornal O Globo.

Além do Procon, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) também instaurou processo ético para apurar se a campanha seguiu as regras publicitárias. No fim, a Nokia não sofreu nenhuma penalidade. Mas a peça foi tirada do ar nos canais da empresa.

O que podemos concluir do caso é que existe alguma responsabilidade ao envolver o consumidor em uma história. Além da narrativa, do trabalho dos redatores, da equipe de vídeo e de todo aparato de uma agência, existe o fator humano da questão. O Storytelling age na natureza emocional do receptor e mesmo que a história contada seja uma ficção o objetivo da peça ou campanha deve ser claro. As pessoas só vão participar se elas souberem exatamente onde estão pisando e por quê. Enfim, mesmo um conceito simples demonstra um certo risco que deve ser sempre levado em consideração.

Texto: Thiago Almeida

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